segunda-feira, agosto 09, 2010

RECLUSÃO GRIPADA (ARRANHA-SE A GARGANTA EM MASOQUISMO. ANGUSTIADA, A...

...BOCA se assusta com o bater das portas nas pedras. Rajadas de vento visitam os estertores da garganta. O corpo, quando chega pela janela o cheiro dos jantares dos moribundos mais jovens, amolece sobre o desenho do chão nas sombras.
Os pés coçam a nuca. As mãos balançam noturnas sobre o piano de Fryderyk Franciszek Chopin. De repente os ouvidos são invadidos pelas risadas pink floydianas dos portões. As pedras sobrevoam as portas do túnel corroído da garganta.
Deitam-se os espirros nas sombras a injuriar os pães amanhecidos nas sopas.
O mais velho esfomeado desabotoa o casaco do pijama enchendo-se de rugidos, antibióticos, anti-inflamatórios e éteres).

LIMITE (DERRAMO PEDIDOS DE LUCIDEZ AO APERTAR A...

...BOCA nos dentes dos mínimos segundos que faltam para o término do sono. Deslizo sobre delírios efêmeros. A morte me chama em voz alta de crepúsculo.
Ainda me dominam as horas vespertinas, relógio perdido no tempo. Adormecem de maneira ingrata os diálogos dos sorrisos com os sonhos).

GRADES (TENHO A COMPANHIA DA MELANCOLIA QUE SE DEITA SOBRE A...

...BOCA da dúvida que espera receber na plenitude da madrugada a visita de uma carta vinda de um parente mais próximo.
Abro a cela de cortinas. Digo meu amor aos ouvidos da languidez, tristeza indefinida. Aperto as mãos no domingo que foi embora.
Na cama me cubro de alucinações.
Do tempo assinalado na parede da cela chegam beijos marcados de grades e organdi).

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