segunda-feira, julho 19, 2010

ÔNIBUS (AO ESPERAR O TRANSPORTE DA FOME O...


...PONTO DE ÔNIBUS me cerca de vésperas. Faço parte de vitrinas arranjadas nos limites dos tédios. Uso faixas de liquidações, sorrisos de promoções. Carrego pacotes de vinhos nos copos das axilas. Tenho um enorme guarda-roupa que também funciona como óculos escuros em noites de estrelas dependuradas nos cabides.
O ônibus me recolhe na hora da partida. O coração fica no futuro a esperar nascimentos, a eternizar solidões.
Pelo retrovisor a cidade me olha em imagens de fogos, crueldades e artifícios de esperanças).

QUESTÃO DE SEGUNDOS (PARA SANGRAR AS LÁGRIMAS DAS PERDAS DESTRUO O OUTRO AMOR NA FACE DO...

...PONTO DE ÔNIBUS e nos gestos entornadores de vinhos nos olhos. Mataria um, dois, três, cem encontros desesperados dos amores irresponsáveis que atingem impulsos na hora do repensar.
Bebo as securas das inexistências em pedidos cheios de silêncios. Decido a vida em questão de segundos. Quando levanto-me das indecisões os amores e as guilhotinas levam meus últimos tempos para o tempo sem estações. E maquiamos os fósseis dos amores com mãos assimiladas ao sangue.
Sem conseguir o crime perfeito entrego a Deus a essência e a inocência do assassino).

POST-SCRIPTUM (ABSORVO AS DOSES DE SILÊNCIOS DEPOIS DO...

...PONTO DE ÔNIBUS. Sou torturado no mundo das dores imprestáveis. Abandono a sala das torturas como se saísse de uma casa de chás.
O sangue quebra copos e derrama os líquidos da sensatez. Convive com traumas sem curas espalhados nos arredores das memórias.
Tenho braços esmagados, pernas violentadas, ideias ultrajadas. Prossigo lúcido e mudo.
Quando a noite alta deposita as outras dores nos cofres das dívidas escrevo as cartas com os perfumes das putas).

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