sexta-feira, julho 23, 2010

O GUARDA-CHUVA (A LUA SE ESCONDE E AS...


...NUVENS abrem o guarda-chuva. As pedras de gelo são lançadas ao ar. Querem atingir as lâmpadas das máscaras e as instituições.
O guarda-chuva, quando ando sob as pontas molhadas dos mundos desnecessários, é o meu responsável protetor.
A lua reaparece grávida de fascinações. Sobe nos arcos dos viadutos como se tentasse praticar os mitos das brincadeiras. As nuvens, então, afastam-se das estrelas. Guarda-chuva fechado, a lua clareia fantasias: nos rostos crescem barbas de alumínio, nos corações germinam saudades de poliéster, nas cabeças chapéus automáticos de orvalhos).

FESTA (O PERFUME DO ANIVERSÁRIO ME AGUARDA EM...

...NUVENS no forno do fogão onde a fome encontra alimentos em pratos feitos finitos.
No Cinema da Madrugada, diversão televisual, dorme no sofá o corpo de minha mãe.
Canto Parabéns Para Você em silêncio. Bato palmas devagar. Trago olhos perfumados, melancolias diárias, dores mais bonitas do que sensatas, presentes para colocar reparos. Como e bebo em vigília a comemoração das paredes. Sinto medo dos discursos.
Minha mãe se levanta no meio do filme e apaga as velas do bolo infinito).

MUDANÇA DE CENÁRIO (VOU-ME EMBORA DO CINEMA COM AS...

...NUVENS dos meus pesadelos, personagens de uma solidão maior do que a tela. Atravesso suores, espasmos, gritos.
Saio do cinema pela porta do ônibus. Vejo a cidade misturada aos prédios.
Quando entro nas águas as dores sem suspenses atingem o fundo do lago).

Nenhum comentário: