domingo, março 14, 2010

LICANTROPIA III (OS LOBOS CRESCEM OS PELOS NAS FACES AGRESTES DOS PEITOS)

Vazios que não se descobrem com as luzes dos dias quando, sem destinos, os ônibus passam nas avenidas em volta dos relógios das luas cheias, das matilhas de cachorros, latidos nos pátios das igrejas, nas vilas e encruzilhadas. Carregam, repletos de pensamentos e amarguras, homens e mulheres, lâmpadas apagadas, salivas e sangues.
Caminho no submundo entre os ninhos das aproximações e os diâmetros bucais nas horas das mordidas. Busco compreender cansaços, derrotas, melancolias, os pesos das dores estabelecidas nos corações.
Encontro crianças nos seios das noites, presas às secreções das impossibilidades dos sorrisos, aos vermes das colônias das depressões mórbidas, aos leites funestos.
Os ônibus se preenchem de solidões, de tristezas. Levam as humanidades das noites aos fluxos dos berços, às misérias e às maldições, aos redemoinhos assassinos das crueldades.
Os lobos surgem nos corpos, nas trevas, nas devorações. Transformam os destinos nas goelas das constelações.

Nenhum comentário: