quarta-feira, março 24, 2010

INACABADAS (SENTIA MUITO ALÉM DAS ALTURAS DOS TELHADOS O RIO DOCE, AS RETAS E CURVAS DO INFINITO, O PRIMEIRO VÔO...)

Quando eu nasci a minha avó de olhos flambados puxou o terço, a oração. Foi servido ao anjo transportador as empadas preparadas pela jovem Dinha e a aguardente que o meu avô, sete meses antes, havia encomendado ao alambiqueiro que morava a duas léguas da Fazenda das Águas.
Minha mãe suspirou promessas ao santuário de Bom Jesus da Lapa, cidade da Bahia. Pensou que eu iria morrer de nascido ao ser levado às pressas para o balão de oxigênio do Hospital Santa Rosália, rua Dr. Onofre, Teófilo Otoni, Minas Gerais.
Quando as minhas asas se fortaleceram senti os desejos das noites. A vida que entrou nas portas dos olhos trouxe os ventos e os amores. Dos ventos a maneira de voar na cidade de Belo Horizonte e caminhar nas estradas de Sabará e Ouro Preto. Dos amores a poética dos tempos das mulheres, traduções e comemorações inacabadas.
Ainda lançam para fora dos úteros os espaços das realidades.

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