sexta-feira, agosto 20, 2010

VENTO DE TODOS OS LADOS (AO ME LEVAR AO CHÃO O VENTO...

...ESCREVE lembranças no corpo de onde retiro cálidos sussurros.
Quando o vento chega os corpos voam nos universos das mãos.
As cidades desaparecem dos reflexos do lago. As montanhas partem o vento que atravessa cordilheiras e países.
Escuto os sibilos das mensagens dos reis, gnomos e poetas, espíritos que repousam no vento. Das cidades desaparecidas vem os barulhos dos últimos copos quebrados nos bares.
Sobrevivo nas poéticas dos ardentes sussurros. Destelham casas, elevam pós. arrancam as árvores das mãos.
Desejo me levantar do chão e semear no vento o sêmen do grito.
Ereto ouço os sons do prazer passarem para dentro da boca da ventania).

NOITE SEM LUA (O CÉU MOLHA A AVENIDA DE ESTRELAS E...

...ESCREVE à eternidade palavras próximas e distantes da vida e da morte.
Sem carro, navio ou avião vejo a avenida umedecer com brilhos partidos as pegadas das contemplações abandonadas.
Busco surrealismos com as mãos nas sombras da noite sem lua. Os movimentos e poemas que tento relembrar, tão cedo ainda, continuam nas recordações das amarras da paixão.
A avenida, solidão que se escorrega na pele, permite-me retirar da cabeça o chapéu ao passar nas palavras escritas o funeral do meu amor).

TENTAÇÕES EXCESSIVAS A SI MESMO (EU VOU TENTAR LÁ EM CIMA ACOMPANHAR O QUARTO QUE...

...ESCREVE à sala do próprio ego enquanto se serve do cigarro que a beleza da vida oferece à madrugada.
Lá em cima fantasmas viram efeitos especiais no ar acabado da televisão, meu anjo da guarda se transforma em bailarino entorpecido.
Lá em cima eu vou tentar gravar na memória o perfume das flores, a estridência das sirenes.
Lá em cima eu vou tentar beijar o príncipe dos contos de fadas, trepar com a minha própria imagem enfeitada por vaidades.
Lá em cima eu vou tentar me olhar nas águas do lago, apanhar no espelho o cinzeiro do Narciso de vidro).

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