quarta-feira, maio 05, 2010

RECITAL EMPORCALHADO (AO EXPELIR EXCREMENTOS LIMPO-ME COM OS MICROFONISMOS INTERMITENTES)

Ao início dos poemas fujo do microfone. Registro o sinal da cruz. Nervoso, sinto a sobra da bosta habitar o meu cu mal limpo.
Exaltado, elevo as vozes à condição de apóstolos de Deus. O fim que desaba me persegue nas entranhas das garagens nos subsolos satânicos dos versos.
No meu encalço os lixos, as moscas, as matérias orgânicas em estado de putrefação. Ao fugir do dispositivo transdutor interiorizo as analogias das emoções do personagem ao fazer do recital a consagração do poeta às vidas com o ator.
A bosta me faz companhia enquanto humidelmente me curvo a agradecer os aplausos e vaias no ninho das poesias do inferno.

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