Escrevo o roteiro do filme nas páginas das janelas. As paisagens do Norte me cobrem de árida melancolia durante o teste das lembranças das flores.
A noite tem mais quinquilhões de extensões no sentido Sul quando a vida aponta-me um restaurante de estrada. Mijo no frio antes de comprar, ficha no caixa, a entrada para o pão e o café, a saída para o conhaque e o cigarro.
O filme é mudo, gestos em preto-e-branco fotografados depois do jantar das poeiras. Mastigo biscoitos de polvilho. Derreto as horas na língua. Tempestades passam ao Leste da memória da primeira página escrita.
No epílogo do filme, muitos anos depois, as janelas mostram, suspense, as cores, as luzes, os sons e o ar. A música, em um crescendo, espalha-se pelo Oeste. Acorda no clímax as nuvens e o sol, que abrem os corações diante das flores sem pétalas, dos retalhos da grinalda e do vestido de noiva da lua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário