quarta-feira, julho 14, 2010

PROCISSÃO EM HORÁRIO NOTURNO (O ÚLTIMO ÔNIBUS E A NOITE E A...


...SORTE desesperam sua chegada nos caminhos intricados das esperas sem objetivos determinados. Voam sobre os desejos dos andores os pássaros da madrugada a desalinhar as estratégias do céu.
Das velocidades saem os vultos que veneram os encontros. A noite é uma bifurcação no ponto mais bonito das estradas.
Vou desperdiçar o último ônibus e chegar ao desconhecido. A noite me seduz, e nos bolsos as mãos encontram as pernas em andanças nas poeiras do asfalto).

PELE DO ESCURO (OS VERSOS ME ESCAPAM COMO A JUVENTUDE E A...

...SORTE que deslizam nos rumos das marcas retidas no tempo da pele.
As memórias abandonam o país do peito. Certificam-me dos rios que não podem atravessar os espaços das mãos nos contatos com a vida.
As últimas noites não merecem as primeiras inocências, os porres desmesurados e os epílogos dos amores. Nas distâncias dos conhecimentos sou um velho caduco que transforma bicicletas futuristas em naves espaciais ultrapassadas.
Despeço-me do bar no rodapé, postscriptum das minhas cartas de amor. Os rios ficam maiores do que o tempo quando a saudade arrebenta a represa das lágrimas sem paralisar a importância dos sonhos nas noites que me atingem na pele e nos versos perdidos no eclipse total das estrelas).

ALVARÁ DE NÉON (DESGRUDO-ME DO PONTO DE ÔNIBUS COMO SE COMPARASSE MINHA...

...SORTE com a lógica dos horários dos fiscais da prefeitura que cobram propinas dos ambulantes irregulares e esquecem dos passos do alcaide.
Paraliso as andanças nas janelas das paisagens urbanas. A noite desencanta o sol, fere os catadores de farrapos de sobrevivências nas urnas dos lixos quando as prostitutas desfilam desejos maculados de desesperos, fomes, sífilis e AIDS.
O primeiro ônibus me recolhe entre o camelódromo e o mercado.
As paisagens continuam nos eixos das rotações. Trazem o dia e a noite como se as vindas do sol e da lua fossem promessas dos sacrifícios).

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