quarta-feira, julho 28, 2010

LUZES MOLHADAS (O TELEFONE ME CHAMA EM SILÊNCIO. ESPERO O...


...TEMPORAL. Abro a noite na janela. O silêncio traz companheiros de buscas e lutas. Abro os armários do passado. Busco personagens da dramaturgia da solidão. Revivo os instantes das cenas vigorosas. Dito palavras de um projeto sonhado na arte dos desejos.
Os pôsteres nas paredes me fitam com olhos de intuições. Coloco no aparelho Stereo Sharp 3 em 1, modelo SG 220, agulha do desespero, o disco A Arte da Flauta, de Jean Pierre Rampal.
O temporal semeia em corpo os trovões. O silêncio faz parada na melancolia. Fotografa instantes felizes em que passo ao lado dos sorrisos dos amigos idealistas.
Estou pungente. O telefone continua calado e as luzes dos postes iluminam a chuva viva).

ÁLIBIS (SÃO OS MEUS ÁLIBIS A VIAS PÚBLICA E O...

...TEMPORAL quando os delitos, os crimes, os desalentos, as perdições e os abandonos acontecem nas proximidades da minha vida.
Enquanto as dores e as perdas tecem vendas, mantos, luvas e meias eu devoro pastéis de esquinas esperando a tempestade se amansar sob o semáforo que quando verde me coloca ausente; amarelo me abre o guarda-chuva; e vermelho me expõe às pessoas que passam nas janelas dos ônibus.
Os passos beijam os cansaços. Retorno ao meu quarto com os olhares fatigados. Sinto o provisório dos elementos das investigações, fugas, culpas e inocências.
A vida deixa manchas de farinha de trigo e gordura no próximo temporal).

REENCONTRO (A VIDA ERGUE AS MÃOS A CONSTRUIR ACENOS AO...

...TEMPORAL. Os adeuses se estabelecem nos prelúdios das saudades santas e pecadoras nos aconchegos dos lirismos aos corpos.
Coloco outro disco no aparelho Stereo Sharp 3 em 1, modelo SG 220, agulha no êxtase. Observo a capa e o sonho com as tatuagens de maçãs no meu espírito como se crismasse as vontades da fé com as discussões ímpias do corpo.
Os adeuses escutam Le Quattro Stagioni, de Antonio Vivaldi, concerto executado pela Orquestra Sinfônica de Berlim, regência de Herbert von Karajan. Concedem à saudade o reencontro com os objetos particulares, pessoais da alma, guardados nas prateleiras úmidas dos sons, dos pensamentos, dos contrários, das emoções).

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