Em seus horários os telejornais divulgam notícias sobre países, ditadores, sequestros, narcotráficos. Esquecem de amar a América Latina. Aperto a tecla power do controle remoto manchado de café e leite sem tocar no input e no adoçante dietético no momento da saída.
À noite dedico as primeiras palhaçadas aos companheiros mortos nas estradas e encruzilhadas da América. Como em todo bar existe um palhaço mudo a voz com os meus olhos, dons de fantoche. As últimas palhaçadas dedico à noite, rapariga de corpo de mel, que faz companhia aos fogos e às sombras nas peregrinações do circo mambembe pelo mundo latino.
Quando faço as palhaçadas uso nariz alugado, óculos emprestado, cabeleira restaurada, microfone enferrujado. Às vezes desesperos, mais vezes poemas.
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