Entre as paredes do apartamento a noite atravessa os deslocamentos dos arcos das mãos. Coloreio a mensageira da deusa Juno, que me faz companhia na tela, pincel, tinta, essência de terebintina e solvente.
Da televisão escapam ruídos, palavras pronunciadas nas dublagens dos episódios de O Gordo e o Magro que anunciam a madrugada nos seios da nostalgia.
Continuo nos corredores da insônia. Abro pensamentos. Ouço barulhos dos relógios. Ao meu redor os objetos dormem. Perpetuam-se na civilização dos lugares.
As janelas fechadas não permitem ao vento entrar nas mensagens, explicações íntimas. O ar em movimento vai embora. Deixa a lua no estágio do céu. Sobre o piso laminado a tela expõe as cores do arco-íris noturno.
E a mesa da sala, eterna, acolhe o imã da tempestade.







4 comentários:
-Fico admirando seus pensamentos, que me intmido neste fundo tão profundo que pode até fazer surgir um arco iris noturno! Meu amigo, posso imaginar você, mas talvez
passe apenas superficialmente nos seus caminhos e calo-me por não ter palavras para tanto.
Mil beijos!
Mirtes Melo.
Este poema me fez lembrar dos tempos em que varávamos a noite materializando o que só era parido no silêncio encantador da noite. Quando o indizível adquiria forma, dando vida ao rebento libertador.
Então pinte!!!
Mirtes, Há tantos caminhos nos seus beijos Mil beijos...
Wilton, lembranças despudoradas...abços
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